23 de maio de 2007

Parte VII

Paula e Thiago ficaram a manha toda se beijando, não conseguiam dormir porque parece que tinha um imã em suas bocas. Paula não via a hora de Carla acordar para poder contar-lhe tudo o que estava acontecendo. Para alívio de sua ansiedade, Daniel apareceu na porta do quarto:
-Bom dia casal!
-Bom dia!- coro.
-Daniel, a Carla tá acordada?
-Tá lá no meu quarto com preguiça de levantar. Vai lá.
Paula entrou no quarto, viu Carla na cama e comentou:
-Humm... Que cheiro de sexo!
-Humm... Que cara gozada.
As duas riram.
-Então Carla, você vai para Santa Fé?
-Ah meu, não queria ir. Mas minhas desculpas já se esgotaram. Faz muito tempo que eu não vejo meus pais e nesse feriado não vou conseguir escapar. E aí prima? Me conta como foi? Quando eu voltei lá de cima vocês dois tinham sumido.
-Pois é menina. To passada! Ele é um fofo.
-Transaram?
-Não.
-Por que ? –perguntou assustada.
-Carla! Eu não sou uma putinha igual a você.
-Você é boba isso sim! Não sei como você aguenta!
Os quatro foram para a varanda da sala. Era quase meio dia de uma típica tarde de inverno fria e ensolarada. Enquanto Paula e Carla fumavam seus cigarros e ensaiavam desculpas esfarrapadas capazes de justificar a dormida-fora-de-casa-sem-avisar-previamente, Daniel foi passar um café e Thiago “preparar um” e fumá-lo lá no quarto.
O telefone de Paula toca e é Pedro: seu pai.
-Filha, estamos saindo para viajar. Voltamos no Domingo de noite. Não esqueça o gás ligado, nem os vidros da casa abertos porque pode chover.
-Boa viagem pai!
-Você tem dinheiro?
-Não muito!
-O pai deixa um deizão em baixo do telefone tá filha?!
-Tudo bem! Vai com Deus pai.
-Fica com Deus você também minha filha, se cuida! O pai te ama!
Paula virou-se para Carla e comentou:
-Não precisa mais queimar as pestanas! Ele nem quis saber!

Depois do café, as duas abriram umas latinhas de cerveja remanescente e ficaram na rede da varanda enquanto os meninos faziam uma macarronada.

Eles almoçaram. Paula e Thiago tentaram dormir mais um pouco. Tinha alguma coisa que não deixava Paula dormir tranquilamente. Era algo duro que ficava encostado em sua perna. Thiago tinha muito tesão por Paula. Ele respeitava Paula não forçando barra, mas seu membro permaneceu duro aquela tarde toda. Enquanto estavam deitados, abraçados, Paula se lembrou de Pedro pela primeira vez, tentou resgatar na memória a quanto tempo ela não se sentira desejada desse jeito por ele, pensou nele pela primeira vez sem mágoa, sem rancor e sem amor. Adormeceram abraçados...

(...)

-Vamos lá ver se você é boa de mira!- disse Thiago para Paula
-Cuidado que eu te acerto.

Cada um carregava uma espingarda, foram para o jardim da casa penduraram um alvo na árvore, e entregaram uma encomenda de pastéis para Carla e Daniel.
Carla e Daniel foram andando até a pastelaria que ficava a duas quadras dali.
-Dan, o que você achou da Paula e do Thiago?
-Não conte a ela, mas ele já sabia que ela vinha. Eu mostrei o orkut dela para ele e a gente morreu de rir das comunidades dela. Ela é bem o tipo do Thiago sabe?
-Sério? Hahahahahaha, eu vi que ele não tirava os olhos dela enquanto a gente conversava la na sala... Nossa.... Olha quem tá ali! – Carol ficou espantada quando viu quem estava sentado no bar que ficava em frente a pastelaria.
-É a lenda do Bill! – disse Daniel ao ver Pedro (o ex de Paula) com uma cara muito baixo astral, bebendo sozinho.

Pedro era dessas pessoas que sentam no bar sozinhas para beber. Filho de alcoolatra, com tendências fortíssimas ao vício. Talvez esse fosse o maior problema entre ele e Paula, a bebida. Além de beber, Pedro tinha muitas características explícitas de um alcoolatra. Era emocionalmente desequilibrado, tinha baixa auto-estima, não conseguia terminar nada do que começava, não conseguia se concentrar nos estudos e aos 25 anos de idade não tinha a menor ideia do que queria da vida. Era sustentado pela mãe e pela avó. Não se importava em gastar o dinheiro delas e ouvir todos os dias que precisava arrumar um emprego. Por outro lado, a mãe e a avó eram cúmplices de seu vício, já que enchiam sua carteira de dinheiro. Paula conhecia Pedro profundamente, provavelmente mais do que ele mesmo. Conseguia perceber coisas a respeito da personalidade e das atitudes dele que nem ele mesmo entendia. Ela era uma estudiosa de psicologia, e criou muitas teorias tentando explicar a estranha personalidade do ex. Outro problema é que Paula era uma menina boa. E sempre acreditava que as pessoas podiam se transformar em pessoas mais fortes a partir de problemas superados. O que enchia-lhe de esperanças em relação a Pedro.

(...)

Quando Carla e Daniel voltaram com os pastéis encomendados, viram Paula aprendendo a atirar com Thiago. Ele estava ensinando como mirar e para sua surpresa a pontaria dela era muito melhor que a dele.
Carla assistiu aquela cena e lembrou-se que a menos de duas quadras dali, Pedro estava sentado sozinho em um bar bebendo. Ela parou, admirou a cena por alguns segundos e pensou: Bem feito para Pedro! Ninguém podia ousar fazer sua amiga sofrer como ele fizera. Ela era uma pessoa integra e que se preocupava mais com o próximo do que com ela mesma.
-Você vai ficar comigo esse feriado?- perguntou Paula.
-Claro! Esse e todos os outros até o dia em que eu for embora. E olha que você corre um risco enorme deu te levar comigo. Linda!

Um comentário:

Anônimo disse...

ai gente eu leio isso como se fosse um livro super emocionada. ahahahahaa

e ex bom é ex morto, com disse uma pessoa sabia uma vez. isso ainda vai virar verdade universal.
eu nunca mais vi meu ex. so umas duas vezes na rua, contando que mga é um ovo, é pouco.

mas fiquei sabendo coisas horriveis sobre ele, que vao desde vicio em crack a uma conversão evangélica.

paciencia.