27 de fevereiro de 2009

outras lembranças

não sabe bem...
sente "que é como sonhar,
que o esforço pra lembrar
é a vontade de esquecer"

a segunda lembrança é tão vaga que parece um sonho.
sem data,
sem pé nem cabeça.
no passado e cada vez mais distante,
mas insiste em não desaparecer.

Eram os três pequenos.
A mulher estaciona o carro na frente da casa.
O mais velho deles enche a mão com pedras e pede que os pequenos façam a mesma coisa.
-Agora atirem no carro!
Inesquecível, também, foi a surra que os três levaram quando o pai chegou em casa.

16 de fevereiro de 2009

Lembranças desconexas - a primeira

Da primeira infância, se lembra de dormir agarrada às pernas do pai
enquanto os irmãos, mais velhos que ela, disputavam um espaço nos braços viúvos.
Dormiam embolados e acordavam mijados!
Ela não se lembra de ser repreendida por isso!
Tentavam sobreviver unidos.

9 de fevereiro de 2009

a primeira vez que se sentiu sozinha

A aparição do pai durou pouco mais de um minuto.
Ao ver o estado emocional em que a morte da mãe da criança deixara o pai dela, o médico foi categórico:
- Pai, vá para casa e cuide de você. Fique tranquilo! Porque da sua filha cuido eu.

Então foi isso. E ela estava sozinha de novo. E foi assim que aprendeu, desde pequenina, a não contar com ninguém porque pode ser que lhe faltem.
Como os bebês que sabem que não são bem vindos, ela não chorou para não incomodar.
Mas sentiu muito.